Quer ser meu amigo?

Fran Papaterra

O objetivo deste texto é provocar o Augusto que tem diversos motivos para me contrariar. Com isso, quem nos lê realmente perceberá “um peso e duas medidas”. O tema está relacionado ao fato de que eu não consigo frequentar o Facebook. Nem sequer sei que verbo utilizar para tal prática. Frequenta-se, participa-se, usa-se o Facebook? É verdade que meu batismo na ferramenta foi traumático.

Cadastrei-me e surgiram, fruto de características do meu perfil, velhos amigos. Um deles foi meu colega de classe e meu companheiro em um mortal ataque de futebol de campo, na época que eu possuía joelhos para tal. Escrevi para o sujeito. Para tornar curta uma longa história, encontramo-nos. Bacana, não é? Pois, a sujeito não tem mais nada a ver com meu meia direita predileto, ficou chato, rabugento,  votou no Tiririca, etc.. Minha reflexão é que amizades vêem e vão. As que vêem, bem vindas sejam. As que vão, deixa ir. Há um motivo para elas irem e não será o Facebook que vai resgatá-las.

Até porque, e este é o segundo motivo para o debate do Augusto e eu, a parcela da pessoa que se revela no Facebook é muito pequena. Postam-se fotos felizes, vídeos engraçados, frases inteligentes. Enfim, revelam-se as pingas que o amigo toma e omitem-se os tombos que ele leva.

Para completar, me irrito quando meu email informa que Fulano quer ser meu amigo. Há duas possibilidades: ou ele já é meu amigo e é estranho ele querer ser de novo (sim estou brincando com a língua portuguesa) ou ( e aí já não estou brincando) nem sequer conheço o cidadão. Fica parecido com recreio de criancinhas na escola. Uma se aproxima da outra e sapeca a pergunta: quer ser minha amiga? Sério: amizade cultiva-se, é um processo. Apenas na pré escola se convidam pessoas para serem amigas.

A consequência é que conheço gente que passa o dia pendurado no Facebook e, como a tecnologia trouxe um monte de novidades, mas não adicionou um único segundo na duração do dia, somem do mapa. Acabam perdendo os verdadeiros amigos, aqueles que olham no olho, abraçam, dão gargalhadas, emocionam-se.

Augusto Pinto

Nessa o Fran vai quebrar a cara, porque na verdade eu não discordo tanto dele assim. Talvez, quando ele menciona sua participação em um “mortal ataque de futebol”, eu acrescentaria que ele provavelmente jogava com um 38 pendurado na cintura (daí a expressão mortal).

Quanto ao Facebook, e as redes sociais em geral, eu concordo muito com o Fran. Twitter e Facebook são tentativas canhestras (embora infelizmente muito bem sucedidas) de substituir os gostosos bate-papos por telefone e os happy hours na padaria da esquina. Alem de lamentável é frustrante. Deixamos de conviver com amigos reais no mundo físico, para conviver com amigos fictícios no mundo virtual.

Por outro lado, e isso o Fran não menciona, o Facebook, o LinkedIn, o Twitter, o Flickr e o YouTube, só para citar alguns, nos permitem oferecer conteúdos digitais para os amigos, que não conseguiríamos por telefone, ou mesmo ao vivo numa mesa de bar. Nesse exato instante você leu algo muito legal, viu ou assistiu algo incrível. No mundo real, se você se lembrasse, mencionaria isso para seus amigos do mundo físico, mas eles se esqueceriam da menção e dificilmente teriam a oportunidade de desfrutar daquela coisa bacana que você teria vivenciado sozinho. Na rede social (e lembrem-se, este blog faz parte dela) você simplesmente compartilha com seus “amigos” no ato. Exemplo, ao vivo e a cores, ontem eu compartilhei um conteúdo sensacional com meus amigos do Facebook. Trata-se de uma animação mostrando uma declaração de amor high tech. Confiram e veja se não é legal poder compartilhar na hora com os amigos.

Além disso, Facebook, Twitter, LinkedIn e outras redes sociais nos ajudam também nos relacionamentos profissionais. Através das redes sociais podemos oferecer vagas em nossa empresa e obter currículos de pessoas ultra qualificadas em tempo recorde, podemos fazer relacionamento e atendimento de clientes (SAC no Twitter é uma hype), podemos promover nossa marcas e nossos produtos, podemos debater tendências, participar em grupos e forums de discussão, enfim, compartilhar, colaborar e interagir diretamente, e em tempo real, com clientes, prospects, parceiros e fornecedores. É bacana, ou não é?

E aí, Fran, vai encarar?

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