Um novo veículo – tudo novo

14 de julho de 2010

Fran Papaterra

Bastaria uma olhada no resumo do que o dicionário traz para definir a palavra interesse para, perdão pelo trocadilho, se interessar pelo assunto.

Desperta interesse o que:

1. é importante;

2. é digno de atenção;

3. traz vantagem pessoal;

4. gera possibilidade de lucro (ganho, ou vantagem, de qualquer tipo).

“Interesse” vem do latim intĕrest, que originou também a palavra “juros” em inglês e que possibilita ser sinônimo de “lucro”. Convenhamos que esta última palavra é, a rigor, a única que movimenta o mundo dos negócios e, segundo Adam Smith, a que traz progresso à sociedade.

A palavra “interesse” valorizou-se ainda mais quando foi adicionado um novo veículo de comunicação no mundo. Pense em você assistindo TV e alguém lhe dizendo “depois dos comerciais …”. Claro que você não tem interesse em ver a Marília Gabriela dizendo que ela é jornalista e que a Vivo (ou a Claro, sei lá) tem uma visão que eu sei lá qual é. Perceba que eu assisti ao anúncio que uso como exemplo, mas não sei a marca e nem sei o que é anunciado. Só me lembro da propaganda porque fiquei indignado com uma jornalista servindo uma marca e, pior, qualificando-se, no serviço que presta, como jornalista. Mas, não nos interessa (olha a palavra aí de novo) a Marília Gabriela, mas o veículo, a TV.

Por que eu assisti ao comercial? De novo, sei lá, mas tenho pistas. Preguiça é uma hipótese, embora alguém possa contestar a preguiça de apertar o controle remoto, mas, convenhamos, somos todos macunaímas. Falta de confiança no veículo é uma possibilidade na medida em que sei que vou procurar coisas melhores e não vou encontrar. Não querer perder o que vem depois dos comerciais é outra explicação, mas não importa a razão, a verdade é que recebemos mensagens que não nos interessam.

Felizmente, um novo veículo de comunicação está acabando com esta inércia. Na internet não interessou, cliquou-se outro assunto. Clicar não dá preguiça, há milhões de opções, eu posso mudar de assunto e voltar ao assunto antigo, diferente da TV que o veiculado sai do ar após a veiculação.

Assim nos outros veículos era importante ser interessante; na internet é fundamental. Vale a pena destacar a segunda definição de “interesse” dada pelo dicionário: digno de atenção. Lembre-se que eu não prestei atenção na propaganda com a Marília Gabriela, tanto que não sei o que é e nem quem é. Chutei algumas hipóteses de porque assisti ao comercial e nenhuma delas foi “porque me interessei”. Não me interessei, portanto, não prestei atenção.

Na internet, as opções são tantas que, para obter atenção, além do interesse, temos que criar um novo truque: participação. Cabe ao emissor da mensagem criar, pela ordem, interesse em saber do que se trata, interesse em participar, participação e, assim, conseguir a atenção do destinatário da mensagem. Pessoas participam encaminhando a mensagem para amigos, comentando, acrescentando, interferindo, zoando, etc, enfim fazendo social media.

Nenhuma destas ações era possível em outros veículos no volume que a internet permite e, mais importante, na maneira que a internet exige. Abaixo a escravidão do público. Viva a internet e as redes sociais!

Augusto Pinto

Amigos, desta vez não vou escrever nada, mas apenas linkar para outro post, mais ou menos sobre o mesmo tema, que fiz em meu outro blog (Chega Mais).

http://migre.me/WVxl